sábado, 28 de março de 2009
Ode à Tijuca e aos tijucanos!
Seguem duas poesias: uma sobre o orgulho de ser tijucano e outra uma produção mais antiga!
Frase da semana: "Não me venha com a problemática! O que eu preciso é da solucionática!!" (Dadá maravilha o gênio do gol!!Ah muleque!!
TIJUCA
Quem nasce na Tijuca
gosta da simplicidade!
Não dá mole pra baranga
e está sempre na atividade!
Bairro de português,
sabe levar as coisas no papo.
E resolver com um talvez
algo que poderia acabar em sopapo!
Freqüenta a zona sul,
mas gosta mesmo é da Afonso Pena!
Tira onda em Ipanema,
mas toma chope na Saenz Pena.
Além da fraternidade geral,
na Tijuca mora o perigo.
Mas onde mora o sossego meu amigo?
O Rio de Janeiro não é mais um lugar de retiro!
Viver pensando no inimigo
É terrível, mas é real,
Onde se escondem os prefeitos e governadores,
esta estirpe letal?
Que passeia de bicicleta em Paris
E esquecem do fundamental!
Mas antes de reclamar da Tijuca,
pense duas vezes meu camarada!
Terra de Tim Maia, Jorge Bem etc e tal
Berço das músicas dos sessenta e dos setenta
Tem, além disso, tradicionais Escolas de carnaval!
Quem não tomou um café no Palheta?
Quem não foi ao Maracanã?
Quem não comprou um talco na Granado?
Falem o que quiser,
Mas da Tijuca eu sou fã!
DITOS
Disse-me nada
a voz aguda que calava
qual praga disseminada
que ao fim do vergel se situava
Disse-me tudo
o orgulho mudo do absurdo
que atrás do muro ecoava
junto ao entulho que deixava
o pobre viramundo
que no solo se deitava
Disse-me algo
o fidalgo que passava
rolava a pedra e se sentava
coberto do pó do tempo e perguntava:
Quem serás tu amanhã,
se hoje eres morte antecipada?
Se fazer tudo ou fazer nada
se não se faz por inteiro
é jogada descartada
insônia de madrugada
vida sem paradeiro
nada vale não!
quinta-feira, 19 de março de 2009
Vida de professor
Segue uma cronicazinha sobre a vida heróida de um professor do MSRANB (movimento dos sem remuneração adequada às necessidades básicas)!!!
Frase para encerrar um relacionamento tempestuoso: "Paixão, fala aqui pro teu amorzinho fiel, tu é lourinha ou L'Oreal?"
Uma manhã na vida de um professor
Um irrequieto professor da UFRJ caminha em círculos no ponto de ônibus na Pinheiro Machado, aguardando o 485...
Seus pensamentos fervilham, suas mãos sôfregas começam a suor frio e destilam um líquido ácido capaz de corroer qualquer pulseira metálica de relógio.
--- Você está aqui há quanto tempo? Pergunta o professor tentando entabular uma conversa com uma calouro qualquer, sem se importar muito com a resposta, só mesmo para disfarçar o nervosismo... e, até porquê, a maioria dos calouros são surdos e mudos, ainda não superado trauma pós-trotre.
--- Leopoldina! Fundão!Grita o garoto do troco da van sentado em seu banquinho de madeira.
Nosso herói fez menção de correr, mas já era tarde. O pessoal mais novo não tem piedade de velho lerdo, e como o paralítico da piscina de Siloé, o professor é deixado para trás e não entra na condução.
Ah se algum deles for meu aluno no semestre que vem... Vai ter forra nas provas... vou passar o cerol em 70% da turma – pensava sozinho o professor. Ih rapaz! Por falar em aluno, hoje é dia de prova da Produção e nem preparei nada! Pior ainda, a aula deles começa as 08h00minh e já são 07h30minh e nada de 485!
Deixe-me pensar... como é que eu vou fazer? Já sei, tem alguma mensagem do ano passado em que eu mandei um e-mail para mim mesmo, para poder trabalhar em casa, que contêm as questões da prova da turma anterior. Tudo bem: vou chegar correndo, imprimo e... esta fato! Xii!!! Não vai dar! Meu micro ainda não voltou do conserto! A essa hora a única pessoa que pode ter chegado é a Dona Palmira da biblioteca. Plano B: entro lá, passo uma conversa na velha e uso o seu computador, localizo o e-mail antigo, gravo num disket, pois a vetusta não tem impressora e imprimo na secretaria da Decania.. contando, é claro, com a boa vontade do pessoal da vigilância para abrir a sala antes da chegada da Cristina, cão de guarda, quer dizer assessora especial para assuntos aleatórios do decano! É isso! Valeu garoto! Ah moleque bom!
07h43minh. Meu Deus! Essa droga não chega! Maldita FETRANSPORTE com seu sistema de coronelismo! As linhas ficam sempre com as mesmas moscas e a outra parte permanece inalterada! Vou me direcionar para perto da esquina da Pinheiro Machado com Rua das Laranjeiras para poder entrar primeiro, com chance de sentar para completar o último relatório do projeto da FINEP, cujo prazo acaba hoje! Isso se a bateria do Lap Top ajudar...
Por falar em FINEP não salvei o formulário no computador da faculdade! Eu não queria, mas vou ter que usar o do ano passado mudando só a data. Ninguém vai ler mesmo!
Agora é ele! Vai parar: vem-me a mente o filme Coração Selvagem... Hold...hold...Agora! Pulei destemido, mas me estatelei nas costas da gordinha da Letras, que disparou uns cinco palavrões contra a minha progenitora! Nada a fazer! Não há como sentar... rabeira de fila é o meu destino! Vamos rezar para superar a corrida de obstáculos até a roleta e não ser tragado pela massa densa, viscosa e mal cheirosa que se sustenta nos canos de ferro parecendo carne de segunda pendurada no açougue de subúrbio!!!
Ultrapassar a roleta tem o mesmo grau de dificuldade da escalada do Everest sem tubo de oxigênio! Um negão maroto na minha frente tenta apressar a operação dirigindo uma conversa de cerca Lourenço para a feiosa professora da Química:
--- Vossa majestade poderia dar um passinho a frente, pois a minha pasta enganchou no zíper da sua bolsa?
--- Mais respeito, rapaz! Eu sou titular da COPPE!
---Perdão, minha senhora. Não é uma questão de título, é um problema de física clássica! Dá pra desenroscar essa bolsa da minha pasta?
--- Pois não! A mulher deu um puxão que abriu a pasta do rapaz, deixando cair alguns livros.
--- Madame vai saindo daqui antes que eu perca a cabeça!
Após assistir a patética cena, a nova missão era trilhar o caminho até a roleta.
--- O professor tudo bem? Já preparou a nossa provinha de hoje? Pega leve em mestre!
--- Tudo bem... como é o seu nome mesmo?
--- Adolfo Grinberger, mas pode me chamar de gringa, mestre.
--- Adolfo, desculpe a pressa mas tenho que passar mais adiante. A prova é sempre fácil para quem estuda. A gente se fala lá na prova. Aproveita pra rezar que eu estou de mau humor!
Consegui andar dois passar e me desvencilhei do aluno chato. Agora terei que passar entre a velha gorda e o lutador de juijitsu. Pus a barriga pra frente, fiz alavanca com o joelho direito e, com as duas mãos, empurrei o ombro da gorda e do lutador. Depois de dez segundos, o camelo passou pelo buraco da agulha. Milagre da física. No entanto levei uma guarda-chuvada da velha e um catiripapo do lutador que cheguei atordoado até a roleta!
--- Ainda é um e noventa?
--- Claro professor. Mas não vêm me empurrar de novo àquelas notas velhas e aquelas moedas sujas!
--- Hoje, estou com uma notinha nova em folha de 20 pratas, meu irmãozinho! Tirada agorinha do caixa eletrônico! Especial pra ti que não suporta dinheiro velho!
O cobrador fechou a carranca, pegou as piores notas para troco e juntou com bastante moeda e liberou a passagem. Engoli em seco e dei o assunto por encerrado. O cara do troco tinha um metro e noventa...meus protestos seriam em vão!
07h55minh. Nem chegamos na Leopoldina! Já fiz vários cursos de administração do tempo para executivos, porém nuca consigo chegar na hora! Mas espera lá, eu sou a lei, se eu não chegar não tem prova. Os alunos é que devem ficar ansiosos não eu! Relaxa, garotão!
07h58minh. O ônibus entra no viaduto da Linha Vermelha! O trecho sobre a Rua Bela parece Interlagos! 110Km/h, 120, 130..150!!! Acabamos de ultrapassar um Audi A6!
8:04h! Estamos atrasados mas já chegamos na curva do CENPES. Agora é torcer para que o pouca gente desça todo no CT e assim possamos o mais rápido possível no ponto da Letras.
8:12h! Desembarquei, tropecei, caí! Que desgraça: quase rasguei a calça de panamá que só encontrei na Chapelaria Alberto! Deixei algumas risadas para traz e mirei diretamente na direção da biblioteca. Toquei três ninguém chegou ainda? A Dona Palmira é mais pontual que relógio suíço. Após um momento de perplexidade, avistei um bilhete no quadro de avisos:”A missa de sétimo dia da Sra. Palmira Ramirez de La Hoya será as 10:00h de hoje, no salão nobre da reitoria”! Não acredito, a velha foi pro além justo hoje!!!
A única chance agora é o xérox do Bloco F. Passei por trás da fila de alunos, mediante protesto geral, e entrei pela porta lateral da xérox. Esbaforido, perguntei:
---Posso usar tua impressora?
--- Infelizmente não, professor! Acaba de faltar a luz no CT há uns cinco minutos. Não posso ajudá-lo desta vez!
E agora rapaz! Como é que vou enfrentar essas feras?
Entro na classe as 8:17h, os alunos já devidamente posicionados, com suas colas escondidas...
--- Bem pessoal, eu andei refletindo melhor, durante esse fim de semana e, dado o excelente empenho de vocês nas aulas, vamos fazer a nossa avaliação através de um trabalho prático turbinas a gás. Só não vale CONTROL C e CONTROL V. Prova pra vocês da Produção, futuros executivos e não meros técnicos não faz sentido.
Quando terminei de falar, o clima era de gol do Flamengo no Maracanã! Alvoroço, gritaria, emoção!!
---Grande mestre, Aníbal! Esse é sangue bom!
Minha camisa estava completamente suada! Peguei meu material, com a sensação do dever não cumprido e fui tomar um açaí com guaraná para da uma relaxada... Essa profissão de professor é stress puro...Ninguém merece!!!
sábado, 14 de março de 2009
Retificando a descida

Fala Galera, tudo em cima?
Um grande amigo o Johannes alertou-me para um furo na "Frase da semana" da última postagem: onde se lê descida leia-se decida, senão fica sem sentido!
Aproveitando a oportunidade e a deixa vou postar esta minha poesia de onde retirei o bordão mencionado.
Segue, também, uma outra poesia de bonus!
De Cida
Deixa Cida que decida
Ainda que seja imprecisa
Por vezes até encardida
Palavra de mulher
É pior que praga inimiga
Deixa Cida que decida
Ainda que a dura lida da vida
lhe roube o frescor de margarida
ela é a única que realmente te estima
Deixa Cida que decida
Ainda que a tua é causa perdida
Sair de casa é que pior que dívida antiga
Passa o tempo e fica pendente a maldita
Ainda quando ela te faltar na vida
Saltando o parapeito do além
no seu peito a de há de faltar um bem
há de lembrar alguém
ainda que chores o dom da partida
Mas será o fim do Serafim?
Onde já se viu
Um homem falar assim?
Arroga-se no direito
E sacode o jacá desse jeito?
Pobre de mim,
Por pura desdita,
Após tanto meditar
Não tive saída
Senão reclamar:
Será o fim do Serafim?
Deixa estar, homem
Que volúpia tendes para julgar
Já desde criança,
No ímpeto da infância,
Estava o Serafim a palrrear
Não se ouviu mais sua cantiga
Que como alegre pranto,
Cobria com seu manto
A solidão do pomar.
Algum sinal nos dá a natureza
E sua ausência é um longo gritar.
Será preciso rogar?
Volta Serafim,
Que sem você é amarga à vida,
Já não ressoa a cítara,
Não há como caminhar!
Mas será, enfim, o fim do Serafim?
Haverá alguém de clamar!
Frase para o fim de semana: "Don't think twice, it's all rigth!" (Bob Dylan)
quarta-feira, 11 de março de 2009
Chapa quente
Segue uma composição, nem poesia nem crônica, mas algo mais realista e carioca!
Frase da semana:"Deixa Cida que descida!" (Não entre numa de brigar com a dona Maria que é roubada!!!Ah muleque!!!)
Sujeito homem
[Conversa hipotética de 2 nativos (N1 e N2) da Vila Cruzeiro, dia 31/12/2009, lá pelas 3 da madrugada, cada um com mais de 10 cervejas na cara]
N1: Tu é sujeito homem?
Sei não, mermão...Essa coca é fanta!
N2: O rapa, tá de brincadeira comigo?
Eu sou sujeito homem, sim senhor!
E farr favor!
Vai devagar com andor, que se não eu te mato!
Tu num é homem, tu é um rato!
N1: Qualé maresia!
A tua macheza é só fantasia!
Deixa de hipocrisia e assume de vez!
Essa cara de saudade não esconde o talvez!
N2: O seu verme!
Vê se te emenda, senão a bala vai comer!
Vou te botar a sete palmos,
tu vai ver qualé a de morrer!
N1: A boneca engrossou a voz!
Saiu da adolescência, minha princesa?
Tá pensando que me assusto com o teu berro? Eta, ferro!
Vai pro inferno com toda a tua descendência!
N2: Num põe a mãe no meio,
que te arranco a dentadura,
seu filho de uma égua!
N1: Num tem exceção pra essa regra,
sua cavalgadura!
Num sabe que a velha é da ascendência...
Pensa, sinta esta nova sensação!
Pool! Pool! Ouviram-se dois disparos secos...
Lá se foi a valentia pra sepultura...
A irreverência e a burrice são uma mistura explosiva...
Rapadura é doce, marr num é mole não!
sábado, 7 de março de 2009
Os prazeres do almoço!!!
Segue uma cronicazinha para amenizar a temperatura!
Verde Vício
Final de mês é aquele problema. Cartela de ticket refeição esgotada – fato que denunciava constantes incursões por churrascarias do centro -, conta corrente no vermelho, limite do cartão de crédito estourado...não restava alternativa. Tinha, a qualquer custo, que acionar o plano B, qual seja: entrar na aba do Germano, engenheiro amigo, que sempre me livrava dos momentos de angústia. O único inconveniente é que o citado era adicto de comida vegetariana e não dispensava o almoço no Verde Vício, restaurante pretensamente sofisticado da Rosário, pertinho da Primeiro de Março. Faça-se justiça: neste estabelecimento o verde é prioritário, mas não exclusivo.
Lá pelas 9:30h, evitando qualquer possibilidade do colega citar almoço com algum cliente ou outro amigo, disquei seu ramal interno:
--- Graaande Germano, como vai esta força?
--- Fala meu camarada. Tá na roubada, né?
--- Bem...na verdade... eu precisava falar algo pessoal contigo...você sabe da nova reestruturação do departamento?
--- Me engana que gosto, seu safado! Fim de mês e você já detonou o ticket, é ou não é? Meio-dia lá embaixo defronte ao McDonald, é Verde na cabeça, valeu?
--- Tá mais que confirmado! Fui!
Com o Germano não tinha perhaps. Era o amigo das horas difíceis que não pedia requerimento para fazer favor pra amigo. Pão, pão; queijo, queijo. Se ele pudesse fazia na hora; se não havia condições de ajudar, não te enrolava! O único porém, no caso específico do almoço, era se adaptar às suas condições de contorno: seu paladar era mais de coelho que de gente. Mas tudo bem... a companhia sempre era agradável e divertida, e, invariavelmente, a conversa estava repleta de piadas e tiradas espirituosas.
Hora marcada é hora confirmada. A ascendência alemã, como o próprio nome indicava, fazia da pontualidade uma das virtudes marcantes do Germano, em contraste com o resto do pessoal do trabalho. Encontramo-nos no lugar marcado e fomos em direção a Rosário.
Na porta do Verde, chocamo-nos com duas figuras insofismáveis: a Roberta – cuja beleza era inversamente proporcional à inteligência – e com o Patrick – subchefe da informática, cuja patente não era compatível com sua onisciência e com as especializações que cursara...segundo sua própria opinião.
--- Gegê, meu amor! Soou a voz de taquara rachada da Roberta, acompanhada pelo splash de um beijo.
Fui rapidamente tentando cumprimentar o Patrick para fugir do batom. Tentativa frustada, no entanto. Não obstante a viscosidade da moça, ela era uma pessoa simples e sincera, chegando até a simploriedade.
--- Vamos encarar a fila? – estimulou-nos alegremente o Patrick.
--- Vamos nessa! Concordei sem qualquer objeção.
No restaurante em questão você escolhe as saladas e os pratos quentes que quiser, sendo servido pelas atendentes. O público em sua maioria é feminino, dada a procura pelos alimentos hipocalóricos, benéficos à estética e atuantes contra quaisquer agentes colesterígenos. Em geral, duas semanas almoçando direto no Verde, para o cidadão carnívoro, pode conduzir a graves casos de depressão aguda! Não há psicotrópico que te cure...só mesmo uma boa churrascada...com moderação, é claro!
--- Para beber? – perguntou-me a sorridente atendente?
--- Coca Light pra mim!
--- Meu senhor, aqui só temos sucos naturais hipocalóricos.
--- Mas é light...
--- Infelizmente, só temos guaraná natural diet, goiaba integral e maracujá sem maracujina.
---Tá, Ok! Obrigado, mas acho que não beber nada.
--- O senhor não sabe como é bom este suco de goiaba integral...
--- Tranca a rua, né?
--- Como assim?
--- Para não ser indelicado, digamos que impede o fluxo dos dejetos orgânicos!
--- Perdão senhor, mas não entendi.
--- Desculpe, deixa pra lá. Estou sem sede hoje.
A essa altura, não só meus colegas de trabalho, mas toda fila parara para assistir o diálogo com a garçonete. Fui alvejado por alguns olhares furiosos de umas meninas que faziam Direito, ali perto na Cândido Mendes, e eram freqüentadoras assíduas do local. Percebi que o melhor seria desfazer a confusão e dar vazão, o mais rápido possível, ao fluxo normal dos comensais, deixando minhas opiniões pessoais para um outro momento.
Superado o incidente circunstancial, sentamo-nos numa mesa do segundo piso.
Sem prévio aviso, nem pedido, o Patrick neste dia estava disposto a abrir o coração, fazendo revelações da sua juventude atribulada:
--- Pô, cara, eu já ganhei muito dinheiro quando eu era mais novo! Não era rico não, mas tinha um padrão violento!
O Germano, gozador que é, foi dando linha na pipa do interlocutor:
--- É mesmo, cara? Eu acho que você me contou isso. Foi quando você tinha aquela loja de compra e venda de carros usados, né?
--- Isso mesmo! Cheguei a ter doze carros na loja! Mas fumava o equivalente a venda de um carro por semana, cara!
--- É mesmo, é? – também estimulei o Patrick.
Conversa vai, conversa vem, o rapaz em quinze minutos descreveu sua biografia de altos e baixos, que culminava na sua recuperação financeira e afetiva. Diga-se de passagem, era uma pessoa profissionalmente competente e confiável.
A conversa foi se conduzindo, naturalmente, para a reestruturação do departamento, as vésperas de acontecer. O Germano comentou:
--- Esse inglês que veio para chefiar o RH é muito gente boa!
--- Eu que pensava que os ingleses eram mais chatos que os europeus! – comentou ingenuamente a Roberta.
O Germano com um olhar de que não fui eu que a convidei, apesar de se caraterizar por ser de uma pessoa de índole polida e bastante condescendente com as pessoas, não resistiu e observou:
--- Roberta, a Inglaterra faz parte da Europa! Não fala essas coisas na reunião, não! Pega mal!
--- Desculpa, eu me equivoquei! Você, também, é muito implicante!
--- Deixa pra lá, gente! Vamos tomar um expresso? Convidou-nos o Patrick tentando ajudar a colega,
Sugestão aceita por todos sem objeção. Aliás, a Roberta que era uma pessoa genuinamente pura, não guardou qualquer ressentimento. Mas valeu o toque do Germano: prevenir é melhor que remediar!